Simone Biles na capa da Vogue - mas a militância não está feliz
Vivemos em tempos onde a questão racial está em foco e é utilizada para analisar tudo, mesmo que no contexto geral a discussão pareça ridícula (como o fato de criticar os fabricantes de equipamentos por utilizar a nomenclatura master/slave nas unidades de iluminação dedicadas). Muitos gritam sobre dívida histórica, mas é normal colocar isso acima da competência?
Vamos ao caso mais recente. A revista Vogue anunciou sua nova edição de agosto com a ginasta mundialmente famosa Simone Biles na capa. Aliás, uma belíssima capa. Para o ensaio fotográfico, a revista contratou a mundialmente famosa fotógrafa Annie Leibovitz. E foi aqui que começou o problema. Dezenas de vozes do mundo da moda e da fotografia se levantaram criticando a escolha de uma fotógrafa branca para fotografar a capa de uma personalidade negra.
As críticas vieram de um amplo espectro de vozes, incluindo fotógrafos e editores de destaque como o editor de fotografia do New York Times, Morrigan McCarthy, e a fundadora do Black Women Photographers , Polly Irungu. E aqui vai a cereja do bolo. As críticas caminham pelo argumento de que a iluminação escolhida não foi a melhor possível para o tom de pele da modelo e que um fotógrafo negro saberia iluminar melhor a tonalidade negra da pele.
Mas, um conselho para os fotógrafos iniciantes que poderiam acreditar nessa sandice. Iluminar a pele negra não tem nada a ver com a sua cor, e sim com estudar fotografia. Sim, a pele negra precisa de cuidados mais específicos, pois absorve mais luz do que a pele branca. É um desafio de fotometria, não de raça. Analisando as fotos, a fotógrafa escolheu uma paleta de cores mais neutra, voltado para o dourado. Isso é errado? Não, apenas é a visão da fotógrafa que teve como tarefa exemplificar um texto que é bem pesado, pois destaca principalmente a questão do escândalo de abuso sexual da equipe de ginástica norte americana pelo médico Larry Nassar. Então, a linha editorial exigiu imagens mais suaves.
Felizmente, muitos defenderam a escolha da fotógrafa realçando que Annie já fotografou muita gente de pele negra, como Kendrick Lemar, o Presidente Obama, Michelle Obama, Chris Rock, Denzel Washington , Viola Davis, entre outros, e dizer que ela não sabe iluminar um retrato é uma falácia sem limites.
Até onde a cor da pele de um profissional pode ditar o que ele pode fazer ou não? Simone Biles foi fotografada por uma das mais famosas fotógrafas vivas do mundo e, para a militância, não é suficiente. Deveria ter sido registrada por uma fotógrafa negra, mesmo que com conhecimento e talento menores. Esse mundo anda muito estranho.
Fonte: Petapixel