Minha carreira na fotografia deu uma pequena reviravolta nos últimos meses. Cansei de sempre fazer a mesma coisa e comecei a investir na fotografia que faço por paixão. Aliado a isso, estou tentando entrar no mercado fine art. Vender imagens em forma de quadros para decoração. Coisa mais tranquila e que rende muita fotografia bacana. Mas, dentro dessa nova fase eu redescobria fotografia de natureza e, dentro dela, a fotografia macro.
Sempre gostei de fotografar a natureza, mas sempre foi como um passa tempo. A fotografia macro sempre me atraiu, mas como não era uma opção comercial eu nunca investi em equipamento para esse tipo de fotografia. O máximo que tive foi uma lente da Sigma, uma 70-300mm APO que tinha um modo macro até interessante. Fiz muita foto com ela, mas no fim acabei vendendo para investir no lado da fotografia comercial (eventos e ensaios). Agora meio que joguei tudo para o ar e estou investindo em equipamentos para fotografia de natureza e paisagem.

Entre esses equipamentos está uma lente Canon EF-S 60mm f/2,8 Macro. É a lente macro mais barata da Canon e só funciona em câmeras com sensor APS-C, mas já fiquei muito feliz. Porém, como todo iniciante em fotografia macro, eu apanhei muito e teve muita desanimação no começo. Isso pelo fato de esse tipo de fotografia ter peculiaridades que ninguém conta e as informações sobre esse tipo de fotografia são muito escassas na internet. Você encontra muitos textos e vídeos sobre como fazer foto macro com gambiarras, mas nunca as técnicas da verdadeira fotografia macro. Então resolvi fazer esse texto contando 3 coisas muito importantes na fotografia macro que pouca gente conta para você.

Primeiramente, temos que dizer que uma lente macro nada mais é do que uma lente com uma pequena distância mínima de foco. Cada lente tem um limite de distância que ela pode se aproximar do objeto fotografado e conseguir fazer o foco. As lentes 50mm, por exemplo, geralmente possuem uma distância mínima de foco de 50cm do objeto. As lente macro conseguem chegar bem perto. Para ser considerada macro, a lente deve conseguir, pelo menos, um fator de ampliação de 1:1. Isso quer dizer que 1cm do objeto deve ser representado em 1cm do sensor fotográfico. Se você fotografar uma flor ou inseto que tenha 3cm de comprimento, ele deve tomar toda a foto em uma câmera com sensor full frame. Bem bacana não é? Existem lentes com fator de ampliação maior, podendo chegar a 1:5, mas o fator 1:1 é o mínimo para ser considerado macro.

1 – Segure bem firme
A primeira coisa que aprendi foi em relação a estabilidade da câmera. Quando você está muito perto do objeto que vai ser fotografado, qualquer tremida na câmera pode ser um desastre para a nitidez da foto. A impressão que tive na fotografia macro, ao olhar pelo visor da câmera e perceber toda a vibração que meu corpo causava na foto, foi a mesma de estar fotografando com uma teleobjetiva de 300mm.

O ideal é sempre fotografar com o tripé, mas se você está no meio da natureza seguindo uma trilha longa, carregar um tripé nas costas pode ser muito penoso. Estou falando dos bons tripés que podem pesar até 5Kg. Então, se estiver fotografando sem o tripé, o ideal é sempre manter os braços bem junto ao corpo e prender bem a respiração. Junto a isso, uma alta velocidade do obturador vai ajudar a manter a câmera um pouco mais estável. Em alguns momentos, eu brinquei com o modo de foco contínuo da câmera, que é indicado para objetos em movimento. Em algumas situações deu certo, visto que no caso o que estava em movimento era a câmera e não o objeto.

2 - Feche o seu diafragma
Ao conversar com os colegas que possuem uma lente macro, muitos me disseram que desanimaram da macrofotografia por não conseguirem o resultado que eles viam nas revistas e na internet. Insetos e flores cuja textura e cores eram bem representadas. No geral, eles conseguiam uma imagem com baixíssima profundidade de campo e com pouca nitidez. Mas, isso é uma característica de toda lente fotográfica. O fato de uma lente macro ter abertura f/2,8 não quer dizer que você deva usá-la. Qualquer lente perde profundidade de campo e nitidez em sua abertura máxima. Com a fotografia macro isso é ainda mais evidente por conta da proximidade com o objeto fotografado.

Os melhores resultados que consegui com minhas fotografias foram com aberturas f/10 ou superiores. Nesse ponto conseguimos registrar de maneira aceitável texturas e cores dos insetos e flores, mas mesmo assim você vai ter uma zona de desfoque muito próxima. É uma das características desse tipo de foto.

Então, como os profissionais conseguem resultados tão melhores nas fotos que vemos na internet? Eles usam uma técnica chamada de empilhamento de foco. Várias fotos são feitas e em cada uma delas o foco é feito em uma parte diferente da flor ou inseto. Depois, utilizando um software de edição (da para fazer no Photoshop) é feito uma mesclagem dessas fotos aproveitando cada ponto de foco das imagens. Infelizmente, em quase 100% dos casos em que essa técnica é utilizada, o inseto está morto, pois é muito complicado um inseto que fique imóvel pelo tempo necessário que essa técnica leva para ser executada.

3 – Tenha um flash
Fotografia com alta velocidade de obturador, diafragma bem fechado e, geralmente, ISO baixo para aproveitar a riqueza de cores, cria a necessidade de muita luz. No começo, apanhei bastante disso até perceber que os melhores resultados necessitavam de configurações extremas da câmera. Foi ai que percebi que a fotografia macro necessita da utilização de flash.

Existem unidades de flash especiais para fotografia macro. Os ring flashes são unidades que se acoplam à objetiva, e também temos os chamados flash gêmeos, onde duas pequenas cabeças de flash também ficam acoplados à objetiva. Existem tanto unidades TTL quando manuais. Mas, se você já possui um flash externo normal de sapata, é possível fazer algumas adaptações.
Existem cabos extensores para fazer a conexão entre o flash e a sapata da câmera, fazendo com que você possa colocar o flash perto do objeto que vai fotografar. Também é possível utilizar alguns difusores e rebatedores com o flash plugado na sapata da câmera. No meu caso, eu utilizo o bom e velho rádio flash para disparar o flash 470EXII da Canon nas fotografias macro. Claro que um flash especial para esse fim é muito mais confortável, mas é possível se virar com soluções mais caseiras.

Diversão
O importante nisso tudo é se divertir. Uma coisa que passei a ter muito mais depois que o macro entrou em minha vida é o respeito pela natureza. Cada pequeno ser tem suas características e sua beleza. E o mais importante é que você não precisa ir em uma floresta ou parque ecológico para registrar insetos. Você só precisa de um pequeno jardim em sua casa ou visitar a praça de sua cidade. Eu comecei a plantar pequenas plantas em vasos que tenho aqui em casa e todo dia tenho uma coisa diferente para fotografar.
Altamente recomendável para quem precisa de uma terapia e se cuidar mentalmente contra o estresse do dia a dia.